Quero agradecer o imenso carinho e apoio de todas as pessoas que assistiram a transmissão e torceram pelo nascimento da Clara.
Esse video-relato é uma forma de agradecer (de um jeito muito simples) a essa Rede de Humanização tão linda que existe.
Para quem não conhece minha história, esse foi meu terceiro parto domiciliar (o segundo parto desassistido) e sou defensora do parto natural (independente do local do parto) e da escolha consciente, mas que fique claro que não "levanto bandeira" de parto desassistido ok?
Bom, vamos logo ao relato...
O NASCIMENTO DE CLARA
Era 1:27 do dia 26 de fevereiro de 2006, eu olhei para o relogio e pensei: “Poxa, que tarde! Preciso descansar!”
Estava no PC “fuçando” no facebook com Ana (a caçula) adormecida em meu colo já fazia mais de uma hora. A bunda já tava até quadrada...rsss
Demorei um pouco para pegar no sono. Fiz minhas orações e pedi a Deus que Clara nascesse no fim de semana porque eu não tava a fim de ir na segunda-feira (dia da DPP) no hospital mais uma vez ouvir o médico falar coisas desagradáveis sobre riscos, exame de strepto e etc.
Tambem queria que ela nascesse em fevereiro, já que de Novembro a Junho temos festa aqui em casa, então só faltava fevereiro mesmo. ;oP
2:03 – PLOC! Sinto um monte de água no pijama e no colchão e me levantei correndo para o banheiro.
“Meu Deus! A bolsa rompeu!”
Eu tive bolsa rota no parto do Rafa (que acabou em cesárea) e tive um mal presentimento, mas tranqüilizei meu coração e pensei comigo: “Confia! Você não é a mesma mulher de 7 anos atrás. Vai dar tudo certo!”
Liguei para o marido que estava no trabalho e só consegui dizer: “Vem embora!” Ele respondeu: “ok!”
Comecei a chorar de emoção e pensar: “Minha pequena vai nascer! Vou conhecer sua carinha finalmente... ai que alegria!” “E agora, o que faço: Tomo um banho? Cadê as fraldas geriátricas que não acho? Ligo para AC? Aviso a lista materna?”
Parei e respirei fundo: “Vou descansar porque o negocio pode demorar e ficar com sono no TP é uma droga!”
Marido chegou meia hora depois e falei que a bolsa tinha rompido mas o TP iria demorar. Pedi para ele ir no supermercado 24horas comprar fraldas porque eu não achava o pacote que tinha comprado e falei que ia dormir um pouco.
Na ansiedade de contar para a lista eu levantei e fui para o PC mandar a msg para as maternas, (porque achava que o TP poderia começar logo) falei com a AC para esclarecer sobre o strepto positivo e sobre a bolsa rota.
Duvidas esclarecidas, maternas avisadas, voltei para a cama.
4:00 – o sono não vem.
Marido deita comigo e ficamos conversando.
Avisei que o medico tinha visto duas voltas no cordão e que ele não se desesperasse na hora do parto, era só deixar o bebê perto do períneo, tirar as voltas e depois me dar.
Falamos algumas bobagens e conseguimos cochilar perto das 5 da manhã.
8:30 – acordamos
Dei o café da manhã para as crianças, tomei um banho, coloquei meu pijama quentinho e fui me conectar com a transmissão do parto.
9:40 – Aproximadamente esse horário comecei a transmissão.
Eu já tinha sentido umas 3 ou 4 contrações de leve e sentia que ia demorar para engrenar.
Conversei um pouco com as mulheres que estavam no chat, fiz uns exercícios, mas não sentia nada efetivo.
Falei que ia sair para caminhar mas o marido me sugeriu a bicicleta e acabei achando que seria melhor (me arrependi e não recomendo para ninguém, fiquei com as pernas doidas por dois dias e foi pior do que o parto em si...afff)
Eram umas 12 horas e resolvi sair para a tal caminhada com a família. Antes disso eu fiz um auto toque e constatei 3 cm de dilatação.
Fizemos uma horinha de caminhada e senti 6 contrações fortes nesse tempo, mais umas 3 mais fracas.
Chegamos em casa as 13 e fui preparar o almoço.
Ao esquentar a barriga no fogão sentia as contrações mais próximas e comecei a agachar de quatro e abrir a boca fazendo o Ahhhhhhhhhhhhh! Dava uma boa aliviada!
Terminei o almoço, o marido serviu as crianças e eu senti sono.
Deitei no sofá e tirei um cochilo rápido e restaurador que nem sei quanto tempo levou.
Levantei, participei do chat novamente e resolvi me desconectar da transmissão de vez para me entregar ao TP.
Fiz uns exercícios novamente e comecei sentir as contrações vindo com mais “intensidade”.
Coloquei minhas musicas para tocar e sentia vontade de chorar de alegria.
Chorei, me entreguei e sentia uma coisa tão boa, uma energia tão positiva que me deixava muito tranqüila.
Eu realmente não me sentia desassistida, pelo contrario: me sentia amparada e feliz! Muito feliz!
3:27- A essa altura o marido já tinha feito algumas fotos minhas, mas como o negocio estava engrenando, resolvi chamar minha amiga Karen para fazer as fotos do TP ativo porque o marido teria que deixar a profissão de lado e me doular... hehehehe
4:00 – Karen chegou e disse que não me imaginava tão tranqüila.
Avisei-a que ia chorar e urrar, mas que ela não se assustasse porque era parte do processo.
Expliquei que ao abrir a boca eu relaxava, aliviava a dor e que ajudava a abrir o canal de parto também.
Eu estava disposta, me sentia bem, me entregava nas contrações, fazia exercícios variados para que as contrações ritmassem e viessem “sem dó” e elas vieram.
O marido começou marcar e estavam de 7 em 7 minutos. Em pouco tempo de 6 em 6.
Mais um pouco e estavam de 3 em 3 e com duração de mais de um minuto.
Mas eu estava bem fora das contrações, então achava que a nenê nasceria lá pelas 10 da noite, que ainda ia demorar.
Estava tranqüila e disposta e não me sentia na partolândia.
Vendo o vídeo depois, achei que demonstrei estar sofrendo muito, mas na verdade a dor era suportável com os ‘apertões’ do marido nas minhas costas e a posição de quatro era ótima. Dava para ficar o dia todo daquele jeito sem problema.
Mais um pouco e minha mãe adotiva apareceu e disse que estava vendo o vídeo pela web e resolveu passar para ver como eu estava (a Ma me adotou um ano atrás, ela não tem filhos biológicos porque não pode, e eu fiz um pedido para ela me adotar como filha aqui no Japão e ela aceitou...hehehe) e acabou ficando para me ajudar.
Quando a Ma chegou eu senti a primeira contração realmente doida (será que foi psicológico?) e decidi que iria para a banheira porque precisava dar uma descansada e relaxar, mas daí começou a vir uma atrás da outra, com muita intensidade.
Eu ainda consegui dizer umas piadas, falar de posições para fazer fotos, mas logo comecei a gritar mais e chorar de dor.
- Amor tô com medo!
- Medo de que?
- Da dor!!! Me fala algo de bom vai...
- A dor é boa!
- Não a dor não é boa! Fala que me ama, que vai acabar logo, que a nenê já vai nascer, que agora vai ser rápido...
- Vai ser rápido amor...
- é mentira, ainda vai demorar...
- Para de frescura ou te levo para o hospital... kkkkk
Todos rimos!
Vieram mais umas 3 contrações em que eu me agarrei nas mãos do marido e da Ma e pedi para eles rezarem comigo uma ave-maria.
Chorei e pedi para Clara: “Nasce filha! Vem filhaaaa!”
Na quarta contração senti a nenê descer um pouco, mas muito pouco e resolvi fazer um toque.
Meus dedos “dançavam” dentro do canal vaginal, mas a cabeça estava alta eu achava que ia demorar.
Pensei: vou para a sala me mexer mais, bater o pé no chão para ela descer.
Fomos para a sala e pedi minha imagem de nossa senhora de Fátima, bebi minha água benta, a Karen me deu um tercinho de presente (e que presente lindo!) e pedi um futon e um cobertor. Resolvi deitar para tentar me recompor na frente das câmeras por um momento... rsss
A dor veio e deu vontade de morder algo, me virei e mordi o travesseiro.
Mais uma contração e a Ma fez uma massagem maravilhosa no quadril que ajudou a relaxar muito.
Decidi ficar de quatro e tentar empurrar para sentir se ela descia. Deu certo!
Senti a pressão no anus e pensei: Vai nascer mesmo! Ta acabando!
Mais duas ou três contrações, um pouco mais de pressão, o marido segurava minha mão e a Ma me limpava e observava o canal abrindo. Eu mordia o travesseiro e fazia toda a força que dava.
Um pouco mais de força e a cabeça saiu.
A Ma começou a dizer que ela tinha minha boca. =)
Próxima contração e saiu o corpo.
Papai pegou, desenrolou, me passou ela já chorando, cheia de vernix.
O resto vocês conferem no vídeo.
http://www.youtube.com/watch?v=VaXVceQhdCo
Acessem, divulguem, comentem. ;)
PS: Eu não sei nada de edição de video e fiz uma montagem bem caseira, mas espero que possa ajudar as pessoas a buscarem o melhor para si e seus bebês.
o q eu poderia dizer? simplesmente lindo! assisti seu video, e me peguei ao final soluçando de tanto chorar! lembrei d minhas contrações, e de como o marido me apoiou, me lembrava de repirar, eu praticamente revivi meu parto assistindo seu video! mas diferente de vc, ñ puder ter meu PN, pois minha bacia era estreita e minha pequena ñ desceu, ñ encaixou e ñ tive dilatação! obrigador por ter deixado meu sabado tão maravilhoso!
ResponderExcluiramiga, gostaria de saber se posso divulgar seu video em meu blog! http://motherheadbanger.blogspot.com/ bjs
ResponderExcluirOlá Carol!
ResponderExcluirPode compartilhar sim, fique a vontade! ;)
um beijo
Lindo!!! e ainda fica se exibinbuu que não sabe editar...rsrs...o vídeo tá maravilhoso!!! alias ...QUAL É O PROGRAMA? QUERO EDITAR O MEU...bjsss
ResponderExcluirRô, li o relato na lista, mas só hoje consegui um tempinho para assistir o vídoa. Estou muito emocionada. Um dos vídeos mais lindos e verdadeiros que já assisti. Tem dor, tem medo, tem força, tem amor, tem natureza, tem fé.
ResponderExcluirQuando entrei na materna_sp, grávida, você também estava grávida, Arthur nasceu um mês deṕois que Ana. Lia estarrecida sua coragem em ir para o Japão com as crianças e o barrigão ao encontro do seu marido, via ali uma coragem que jamais imaginava para mim. Bobinha, eu,né? Aquele era só o começo de conhecer toda sua força, coragem, determinação. Você é uma mulher especial.
Sou muito grata em poder acompanhar sua história desde então e aguardo ansiosa a notícia que chegou ao Brasil com sua família.
Um grande beijo!
Boa noite, Rosana!
ResponderExcluirLi seu relato de parto e gostaria que vc me ajudasse a esclarecer algumas dúvidas sobre a relação entre o parto domiciliar e o strepto positivo. Quero muito o parto domiciliar desassistido, mas meu exame deu strepto positivo e não consigo achar muita informação sobre como lidar com isso num parto domiciliar desassistido. Ficaria muito feliz se pudesse compartilhar sua experiência e as informações q vc obteve sobre o assunto.
Aguardo ansiosamente seu retorno
Estella Iizuka (estella.iizuka@gmail.com)